importância da segurança no campo da denúncia digital (Security in the field of digital whistleblowing, em inglês)l.
As pessoas devem denunciar sem temer, diz fundador do OpenLeaks
Daniel quer fazer do Openleaks uma real e eficaz ferramenta para a transparência mundial
No último dia do Fórum Internacional Software Livre (fisl12), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o ex-WikiLeaks Daniel Domscheit-Berg falou da importância da segurança no campo da denúncia digital (Security in the field of digital whistleblowing, em inglês)l. Porta-voz do OpenLeaks, Daniel apresentou no início desta tarde de sábado o que ele imagina ser o melhor fluxo para denunciar algo em um site e como pretende fazer isso com o OpenLeaks. Preocupado com o anonimato das fontes das denúncias, Daniel disse que está em busca de um software que seja fácil para qualquer pessoa usar, inclusive seus pais e avós, e que também preserve a identidade dos usuários.
Na sua opinião, pessoas interessadas em denunciar atos de corrupção não pensam como os jornalistas que querem se promover por meio de uma reportagem. "Os denunciantes não querem ajudar a construir a fama de um jornalista ou de uma empresa, eles querem compartilhar as informações. O jornalismo tem relação com a exclusividade, não com a divulgação apenas." Nesse sentido, o que o OpenLeaks pretende fazer, de acordo com Daniel, é estar entre a fonte da denúncia e aquele que vai publicar uma história a partir daqueles documentos, para preservar a identidade de quem fez o upload de uma denúncia em um site. Dessa forma, as fontes terão suas denúncias feitas sem que elas estejam atreladas às políticas de um veículo de imprensa, que pode comprometer sua identidade e que pode simplesmente optar por não publicar uma história que prejudiquem seus interesses. "Nós podemos determinar junto com a fonte um período de tempo para deixar aquele documento disponível para um veículo, mas caso ele decida não fazer uso daquela denúncia, teremos como torná-la pública à comunidade", explicou.
Segundo Daniel, essa intermediação que faria o OpenLeaks serve para evitar que somente os meios de comunicação tenha acesso e poder sobre documentos de uma denúncia e também para limpar os documentos colocados no site de informações que possam rastrear as fontes. "Nós fazemos uma segunda versão de um documento para que ninguém possa rastrear de onde ele veio. Não sei se vocês sabem, mas o PDF, por exemplo, é um tipo de extensão que diz muito sobre de onde ele veio, traz muitas marcas", explicou ao público, menos numeroso que da palestra de sexta-feira. Quanto à questão da veracidade de uma denúncia, ele disse que esse sistema que o OpenLeaks está criando tenta, através de formulários com perguntas, assegurar essa veracidade, mas que se o jornalista precisa de mais, ele é quem deve ir atrás: "esse não é um problema nosso", afirmou ele, que desde que chegou anda acompanhado de um cuia de chimarrão e uma térmica para a água quente.
Sua ideia é que não exista somente um site para fazer denúncias, mas vários que estejam de acordo com as necessidades e objetivos dos denunciantes. "Nosso objetivo é que, ao final de todo o fluxo, no fim do dia, as informações estejam à disposição do público, tenha um jornal decidido escrever sobre ou não", disse Daniel, que explicou também que desta forma o processo de denúncia se torna mais transparente.
Daniel também destacou a importância do envolvimento da comunidade de desenvolvedores para que linguagens seguras sejam usadas no desenvolvimento de sites como OpenLeaks para que o anonimato das fonte sejam mantidos. Ele contou que o software no qual seu grupo está trabalhando é bastante customizado, por isso não há muito do que se vê por aí, mas que é importante todos se interessarem para que algo sólido seja construído, um site forte o bastante para as pessoas confiarem e subirem seus documentos secretos sem que sejam punidas por isso. "Nao sei vocês sabem, mas em alguns locais as pessoas tem que relatar à polícia quando elas recebem um documento secreto, mesmo os jornalistas. Temos que achar uma forma das pessoas denunciarem sem temer", afirmou Daniel Domscheit-Berg. Preocupado com o anonimato dos denunciantes, Daniel deu exemplos de sites - como do projeto de transparência da Al Jazeera e uma iniciativa do The Wall Street Journal - que recebem documentos secretos e que, "mesmo sem querem", facilitam o rastreamento através de sua programação. Sites que tem ligação com o Facebook e o Twitter, que tem anúncios, que fazem uso do Google Analytics ou que utilizam o HTTPS - que permite que os dados sejam transmitidos através de uma conexão criptografada e que se verifique a autenticidade do servidor e do cliente através de certificados digitais - deixam brechas para que as pessoas que entram neles sejam rastreadas segundo Daniel. "Nós estamos em contatos com eles, mas pouco ainda foi feito. Se você quer garantir o anonimato das suas fontes de denúncias, tem que tirar fora toda essa porcaria".
Por fim, Daniel falou sobre o projeto Tor, que, segundo ele, é uma ótima iniciativa, mas não é fácil de utilizar por qualquer pessoa em qualquer lugar porque necessita de uma instalação, e as pessoas normalmente não podem instalar programas no local onde trabalham, por exemplo. O The Onion Router, conhecido pela sigla TOR, é uma rede de computadores distribuída com o intuito de prover meios de comunicação anônima na internet.
O OpenLeaks
Nascido na Alemanha, Daniel virou figura pública ao ser a "cara" do WikiLeaks, ao lado de Julian Asange, durantes três anos. Após divergências, decidiu abandonar o projeto e atualmente sofre ameaças do antigo parceiro que promete processá-lo por sabotagem. Autor do livro Os bastidores do WikiLeaks, Domscheit-Berg, trouxe a público os problemas estruturais de uma das organizações mais polêmicas dos últimos anos.
Nascido na Alemanha, Daniel virou figura pública ao ser a "cara" do WikiLeaks, ao lado de Julian Asange, durantes três anos. Após divergências, decidiu abandonar o projeto e atualmente sofre ameaças do antigo parceiro que promete processá-lo por sabotagem. Autor do livro Os bastidores do WikiLeaks, Domscheit-Berg, trouxe a público os problemas estruturais de uma das organizações mais polêmicas dos últimos anos.
O OpenLeaks foi criado para atuar com responsabilidade na divulgação de material recebido através de vazamentos via fontes que desejam permanecer anônimas no processo. Criado no ano de 2010, tem como objetivo utilizar a inteligência coletiva para dar suporte aos sites que promovem denúncias, tornando o vazamento mais amplo e, principalmente, diminuindo o risco para aqueles que buscam combater a corrupção.
Fazer jornalismo “puro” em parceria com veículos, instituições e jornalistas independentes do Brasil e de todo o mundo. Esta é a proposta da Publica, uma agência de jornalismo investigativo, que já tem parceria da organização Wikileaks e do jornalista britânico Andrew Jennings, e lançou um site independente no Brasil, através das jornalistas Marina Amaral, Natalia Viana e Tatiana Merlino que, entre elas, têm seis prêmios Vladimir Herzog de Direitos Humanos, um prêmio Andifes de Jornalismo e um Prêmio Troféu Mulher Imprensa. Dentre as matérias já lançadas na série Semana Wikileaks notícias como "EUA ajudaram PF a desmantelar quadrilha de Fernandinho Beira-Mar", "Lula, o ´melhor presidente`para o setor imobiliário", "Suspeita de desvio de verba na sede da Unesco em Brasília", entre outras. Conheça o site clicando aqui em Pública.
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WikiLeaks vai mostrar papéis sobre o Brasil
Colaboradora do WikiLeaks, a jornalista brasileira Natalia Viana anunciou para daqui a "uma ou duas semanas" a divulgação de milhares de documentos inéditos sobre o Brasil. O anúncio foi feito ontem, durante o congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Segundo Natalia, todos os telegramas foram produzidos durante os dois mandatos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). A jornalista adiantou que alguns dizem respeito a doações dos Estados Unidos para as polícias de diversos Estados brasileiros. Em novembro de 2010, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse ao Estado ter informações que "abalariam as eleições no Brasil".
Na quinta-feira, o site WikiLeaks já havia revelado conversas entre o ex-embaixador americano Francis Rooney e membros do Vaticano sobre a situação da Igreja Católica no Brasil. Os documentos mostram críticas à quantidade e à qualidade do clero e apreensão com o crescimento dos evangélicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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