Esta é uma pergunta que nos últimos anos têm dominado a Comunidade Muçulmana. E várias vezes a Comissão Halál de Moçambique (C.H.M.) foi questionada sobre este assunto e a resposta foi sempre que é de origem duvidosa, por isso é melhor abster-se. Mas, durante esses anos a C.H.M. foi sempre investigando e pesquisando sobre está matéria, e hoje podemos expor a todos os Muçulmanos a nossa posição e a mesma é sustentada em bases sólidas. Porque além de várias trocas de correspondências, esta investigação foi consolidada com a nossa presença em terras brasileiras e pudemos presenciar “in loco” tudo que afirmamos.


No Brasil existem 3 grandes Instituições no âmbito de Halál:


 GAH (Grupo Abate Halál), que faz parte da CDIAL (Centro de Divulgação  de Islam para América Latina). Que é liderada pelo Ahmad Saifi, e que na área de Halál é encabeçada pelo seu filho, Ali Saifi.
Leia-se também GAH -(grupo de abate Halal e Alimentos Halal e Inspeção Halal )


Mantivemos correspondências com as 3 instituições, mas com profundidade com o GAH. Temos em nosso poder troca de correspondências que comprovam toda a nossa exposição.


Estas instituições foram criadas para o fornecimento a países do Médio Oriente, que também enviam seus supervisores esporadicamente para verificar se os requisitos de Halál são cumpridos. E que quando a mercadoria chega ao destino, o importador é obrigado a apresentar o Certificado Halál que por sua vez espera pela respectiva confirmação e só após isso o produto pode entrar no País.


Em relação ao padrão Halál, estas instituições brasileiras dividem-se em dois:


1. É Halál, desde que todos os degoladores sejam Muçulmanos.
2. Também é Halál, desde que os degoladores sejam ‘Ahlul Kitáb’ (Seguidores do Livro). Este conceito foi baseado no Fatwa de Sheik Bin Baz (R.A.). Isso significa, que os degoladores não são muçulmanos, são cristãos. E para serem admitidos como degoladores, têm que apresentar uma carta da Igreja onde confirma que o dito degolador é frequentador da dita Igreja. Segundo a nossa pesquisa, os degoladores não pronunciam o Tasmiyah (em nome de Allah, Deus), apenas os supervisores Muçulmanos é que pronunciam por cada lote e não por cada frango.


Existem países que apenas aceitam que todos os degoladores sejam muçulmanos, mas outros baseando no Fatwa acima mencionado, aceitam que sejam os ‘Seguidores do Livro’ a degolar o frango. Portanto conforme o padrão Halál de cada País, são enviados os  respectivos frangos. 


Só para termos uma ideia da dimensão das grandes empresas brasileiras do ramo, por exemplo, a Sadia possui mais de 15 matadouros e em cada um deles com inúmeras linhas de abate. As grandes empresas (Sadia, Perdigão, Frango sul), possuem unidades de abate Halál e não- Halál. E em alguns casos só algum período do dia é que é abatido o frango Halál. Todo o frango enviado para o Médio Oriente é supervisionado pelas instituições de Halál no Brasil. Segundo essas mesmas instituições nunca foram solicitadas para efectuar este tipo de trabalho para os frangos exportados para o mercado Moçambicano.


A pergunta que se coloca é a seguinte: E os frangos que vêm para Moçambique?
 Nós vivemos num País laico, por isso não existe nenhum controle se os frangos importados são ou não Halál. Portanto, para o Governo Moçambicano não têm importância se o frango é ou não Halál, ao contrário dos Países do médio oriente.
 As embalagens utilizadas para os frangos (sejam eles Halál ou não) são idênticas. Apenas junto ao código de barras vem inserido um código, e este código é nominativo de uma unidade de abate. Por isso, através desse código podemos identificar qual a unidade de abate que é proveniente o respectivo frango. E se essa unidade de abate é de forma Halál ou não. Isto no caso da Sadia, em muitas outras empresas não conseguimos distinguir em que unidade de abate o frango foi degolado.
 Para o nosso mercado já detectámos através do código, que já recebemos frangos Halál e não- Halál, com a embalagem idêntica e em que muitos muçulmanos consomem pensando que é Halál. Por isso temos que ter cuidado, nenhum produto é Halál só por estar escrito a palavra Halál.
Para sustentar a nossa afirmação transcrevemos a baixo a informação prestada pela Instituição de Alimentos Halál do Brasil:


"Estas três empresas (Sadia, Perdigão, Frango sul) são os maiores produtores de frango do Brasil. Não esqueçam de quando solicitarem a eles frango Halál devem solicitar frango Halál inspeccionado pelo Centro Islâmico no Brasil - Sheikh Taleb. Isso é muito importante se não eles colocam qualquer frango dentro da embalagem Halál e exportam a vocês e isso é Harám."
"Não existe nenhuma empresa no Brasil que possui 100 % do abate Halál mesmo se te confirmar que possui sangradores (degoladores) muçulmanos em uma unidade. Tudo isto não existe e eles falam isto para ganhar clientes e vender mais."
"Elementos como sangradores muçulmanos que faltam ao trabalho em alguns dias podem afectar directamente o processo da produção Halál já que o abatedouro (matadouro) não pode deixar de produzir por causa dele. O mínimo que o abatedouro faz é colocar a serra (aparelho de abate), tirar os sangradores e o abate ser através da máquina e não por mãos muçulmanas."


Face ao acima exposto, podemos com toda clareza afirmar:
 No mercado temos frango brasileiro não-Halál e Halál..
 Nos frangos brasileiros Halál, são com dois ‘standards’ (padrões) de conceitos diferentes de Halál:
1. Todos os degoladores são muçulmanos
2. Em que os degoladores não são muçulmanos, são os ‘Ahlul Kitáb’ (Seguidores do Livro). E em que o Tasmiyah (O Nome de Allah, Deus) não é recitado em cada frango, mas o supervisor (muçulmano) recita por cada lote.


 Mas a grande questão é que as embalagens dos frangos Halál e não-Halál são totalmente iguais, e como vivemos num País laico, não existe nenhum controle na importação sobre a natureza Halál do produto. Por isso facilmente podemos consumir produto Harám.


Segundo as organizações de Halál noBrasil, além de não garantirem se o frango importado para Moçambique é Halál, também informaram como referimos anteriormente que nenhuma empresa moçambicana contactou a eles sobre esta matéria.


Observamos que nos frangos provenientes do Brasil, na embalagem ostenta uma faca, uma mão e a palavra Halál. Ou seja, querem passar a informação que o frango foi degolado manualmente um por um, conforme os ensinamentos islâmicos. Informamos que esse símbolo (faca, mão e a palavra Halál) não é logo tipo de nenhuma instituição Halál do Brasil.


Já deparamos que alguns importadores nacionais apresentam certificado Halál de instituições brasileiras, mas como poderemos ter a certeza que este mesmo certificado é específico a um determinado lote de mercadoria? O mesmo certificado poderá ser apresentado para um outro lote também. Como dissemos anteriormente, as embalagens são idênticas, e em alguns casos os mesmos matadouros são utilizados para abate Halál e não Halál.


Podemos informar também que o frango Halál na origem é mais caro do que o não-Halál. E porquê o frango Halál é mais caro? A resposta é muito simples: que independentemente do critério de Halál aceite por cada um, todo ele é abatido um por um. E que o frango não-Halál é abatido de uma forma mecânica, carregando no botão. Ou seja, abatido mecanicamente, num mesmo período de tempo, podemos abater um número muito maior de frangos que abatendo um por um. Como podem calcular no fim do mês a empresa com mesmos encargos, consegue abater muito mais frangos não-Halál, comparando com abate Halál, isto automaticamente têm influência nos custos. Como se costuma dizer “tempo é dinheiro’.


Face ao acima exposto, devemos abster-se de coisas duvidosas. Como sabemos as nossas preces não serão aceites por um período de 40 dias quando ingerimos algo de Harám, mas também seremos questionados no Ákhirat por Allah (S.T.) a respeito disso. Muitas vezes queixamo-nos de que os nossos dúãs não são aceites, a nossa vida não têm Bâracah. É que uma das condições para que isso aconteça é sustento lícito e ingerir alimentos Halál. Também poderemos ser culpados e como consequência termos desgostos com os nossos filhos, imagina alimentarmos a eles com Harám e a consequência disso podemos termos filhos desobedientes e a estarem no mau caminho.


Que Allah nos faça ter filhos que sejam a frescura dos nossos olhos. Ameen


Para finalizar vamos ponderar nas nobres palavras do Profeta (S.A.W.):


"O Halál (lícito) está claro e o Harám (interdito) está claro e entre elas há coisas duvidosas que muitas pessoas não conhecem. Assim quem se acautelar das coisas duvidosas evitando praticá-las, preservará a integridade da sua religião e a sua própria honra. E quem cair nas coisas duvidosas praticando-as cairá no Harám (interdito). Tal como o pastor que pasta em volta de um cercado, correndo o risco de o violar o cercado (com as suas ovelhas). Na verdade cada rei possui um cercado. Na verdade o cercado de Allah, são as coisas que ele interditou. Ouçam na verdade no corpo existe um pedaço de carne que, quando está são, todo o corpo fica (com ele) são, e quando está corrupto todo o corpo fica corrupto. Este pedaço é o Coração." (Bukhari e Muslim).
Zaid Mohammad Abdul-Rahman Duarte is a freelance writer and blogger based in the Brazil. He can be reached mmdroxo@hotmail.com .
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materia retirada parte  de :
http://www.halalmoz.com/halalweb/noticias/o-frango-brasileiro-e-ou-nao-halal